Bobby
- CDS, senta.
- CDS, dá a pata.
- CDS, faz de morto...
Conversas desesperadamente à procura da controversa perdida
O texto alerta ainda o povo de Felgueiras para "os momentos difíceis que se aproximam" e fala de uma "campanha anti-Felgueiras", que passa por subornar jornalistas "e outros intoxicadores da opinião pública".
Em declarações à Lusa, Artur Marques, advogado da autarca, negou que Fátima Felgueiras tenha feito qualquer panfleto a convocar manifestações e atribuiu a autoria do texto "a pessoas que têm medo de ser julgadas em Felgueiras".
Autarca acusada de lesar o município em 788.750 euros
A presidente da Câmara de Felgueiras começa hoje a responder em tribunal por 23 crimes, por suspeita de ter lesado o município em 788.750 euros em contratos viciados com a empresa Resin e em viagens ao estrangeiro.
Em relação a alguns destes montantes a responsabilidade caberá também ao ex-presidente da Câmara e ex-presidente da Assembleia Municipal, Júlio Faria, do PS, que geriu o município até 1995, data em que foi substituído pela autarca.
Felgueiras enfrenta ainda um outro processo em que foi acusada de 14 crimes, por causa de contratos-programa com o Futebol Clube de Felgueiras e que vai agora entrar na fase de instrução.
O caso do saco azul do PS local baseia-se no depoimento de 111 testemunhas e em prova documental reunida pelo inquérito da Inspecção-Geral da Administração do Território (IGAT) ao município; em análises feitas pela PJ de Braga às viagens particulares de avião feitas por Fátima Felgueiras; numa factura da firma Norlabor, Sociedade de Prestação de Serviços; e na análise feita pela IGAT aos processamentos de licenciamento camarários.
O despacho de pronúncia considera que Fátima Felgueiras e Júlio Faria actuaram de forma concertada para conseguir verbas que financiassem as suas actividades políticas, respectivamente nas campanhas eleitorais para o Parlamento (a que Júlio Faria se candidatou) e nas autárquicas de 1997.
Este é o meu último post no Con(tro)versas. Após pouco mais de um ano chega ao fim esta aventura. Com muita tristeza mas, pelo menos para mim, é tempo de mudança.
O projecto Con(tro)versas não foi muito bem sucedido, pelo menos quando o avaliamos contra aquilo que eram os seus objectivos iniciais: reflectir aqui as polémicas entre mim e o Miguel do Vale. Isso nunca aconteceu! Verdade seja dita que, o Miguel, nunca se mostrou tão entusiasta deste projecto quanto eu. E, quando um projecto depende do empenho de dois para ir para a frente e um não está motivado… não vai. Isto não é uma crítica ao Miguel. Apenas uma constatação de facto. Criar e alimentar o Con(tro)versas era motivante e mobilizador para mim mas não era para ele. E pronto.
Após ter tomado consciência disto, pouco depois do Con(tro)versa ter arrancado, ainda pensei que este blog poderia sobreviver com outra formula. Não com base em polémicas entre mim e o Varanda - basta ver os nossos escritos aqui para ver que isso era impossível. Mas um blog com algum contraste entre dois estilos muito diferentes. Infelizmente, essa formula também não se revelou viável. O Varanda, após uma entusiástica fase inicial, passou a ser muito irregular. De tal forma que, ele mesmo, a certa altura, referia-se aos nossos poucos leitores, como os “leitores do PSeven”! Isto é, sem querer, este blog tinha-se tornado o meu blog pessoal, mas sentindo eu deveres que não sentiria se fosse mesmo o meu blog pessoal. Mesmo assim, lá foi andando, até que fases de falta de tempo e, depois de falta de vontade de blogar da minha parte, levaram o Con(tro)versas ao estado de coma, ligeiro mas em coma.
Há dois meses atrás, ainda tive alguma esperança. Com a entrada do Tecklas, com a ideia de estabelecer uma periodicidade de posts regular e com o possível alargamento a outros conversadores… enfim, podia ser um balão de oxigénio para o comatoso Con(tro)versas. Mas não foi. O Tecklas só pôs um post, eu não consegui manter a periodicidade mínima que tinha prometido e quanto a caras novas… tudo velho!
É tempo de encarar a realidade: Assim não interessa continuar. Como dizia o Miguel do Vale, há um ano atrás: “É tempo de acabar com este blog”. Pelo menos para mim. Não vou acabar com o Con(tro)versas. Vou apenas sair. Ao Varanda, ao Miguel do Vale e ao Tecklas cabe agora a decisão de o manter, revitalizar, deixar morrer ou “suicidar”.
E quanto a mim? O que é que eu vou fazer? Não sei! Habituei-me a ter este espaço onde eu podia vir escrever e desancar no muito que se passa nesta sociedade globalizada e de pensamento único neo-liberal de que eu não gosto. Sei que vou sentir falta dessa possibilidade (acho que já sinto um pouco). Como vou ultrapassar isso, ainda não sei. Para já, só quero sentir o alívio de não me sentir mal por não estar a alimentar o Con(tro)versas, por não estar a dar o meu contributo para o projecto comum, de desiludir possíveis leitores, etc. Depois, logo se vê. Só posso garantir que, se fizer alguma coisa, vai ser diferente.
Adeus a todos. Um grande abraço e… a gente vê-se por aí!
(Parece sina! Todas as vezes que penso escrever aquele post sobre o anunciado referendo ao aborto, aparece qualquer coisa mais urgente. Talvez da próxima)
No post que está aqui a seguir, o meu amigo Varanda dá azo à sua compreensível revolta perante um acto, à partida, bárbaro. E, à partida, estou de acordo com ele. Mas…
Por motivos que tenho exposto ultimamente sou contra a pena de morte, quando aplicada a seres humanos. Só que, para mim, a tortura, acto pelo qual se causa voluntariamente sofrimento a uma pessoa, é algo de verdadeiramente incompreensível. Compreendo que alguém, para se defender, ou porque está no meio duma situação em que se perdeu o controle ou por outros motivos válidos, seja levado a agredir outro. Por motivo de autodefesa ou para defender inocentes até aceito, em situações extremas que alguém mate alguém. Mas torturar? Voluntariamente provocar sofrimento a outra pessoa? É para mim de tal maneira impensável que não consigo considerar os responsáveis por isso seres humanos. É um dos dois casos em que defendo que, não havendo qualquer dúvida, a pena de morte deve ser aplicada. Sobretudo a quem ordena essas práticas, mas sem excluir quem as executa.
O Outro é o genocídio! É, normalmente uma decisão tomada a frio, com total desprezo pela vida de milhares de seres humanos. Quem toma decisões destas coloca-se do outro lado da barricada em relação à raça humana. Mais uma vez, desde que não haja lugar a dúvidas…
Então estou de acordo com a execução de Saddam? Não!!! Não tenho a mínima dúvida de que ele é culpado tanto de genocídio como de tortura. Mas eu não sou competente para julgar seja quem for. Mais por nós do que por Saddam, este caso tinha o direito a um julgamento imparcial. Mais por nós do que por ele, era preciso expor em tribunal, e sem margem para a mínima dúvida, os muitos crimes de que ele era acusado. E isso não foi feito. Aquela fantochada, tinha a condenação decidida desde o início. Um juiz foi afastado do julgamento porque estava a ser demasiado brando com Saddam. A condenação foi conhecida poucos dias antes da votação intercalar para o Congresso e o Senado dos EEUU e a execução foi feita à pressa. Mais, com tanta asneira, foi aberto caminho para que este tirano seja considerado, por muitos, como um mártir e para atiçar ainda mais o clima de pré-guerra civil que se vive hoje no Iraque. Assim, por motivos diferentes, também eu digo, como o Varanda, “Lamento ser obrigado a lamentar por uma pessoa que merece ser punida. Mas assim não.”
Vá lá, sejam sinceros! Alguns de vocês pensaram: “Olha-me este gajo! Já por várias vezes se declarou ateu e agora vem-nos desejar Feliz Natal!”.
Pois é! Parece uma incoerência não é? Bem acho que não. Passo a explicar.
Como já disse noutro post, a minha família é, actualmente, uma misturada de crentes em diversos graus e religiões e ateus como eu. Mas nem sempre foi assim! Quando eu nasci a minha família era Evangélica. É claro que, durante a minha infância, se comemorava o Natal em nossa casa. Só que, essa comemoração, sempre teve pouco ou nada de religioso e muito de familiar. Para mim, o Natal, era aquela época do ano em que eu estava de férias, se comia doces, se jantava e convivia com a família e, sobretudo, em que eu recebia montes de presentes (ai que saudades)! Quando, finalmente, resolvi as minhas dúvidas religiosas pelo lado do ateísmo, porque é que deveria acabar com aquela comemoração familiar a que se chamava Natal e que, em tempos, tinha começado por ser uma comemoração religiosa? Não fazia sentido nenhum. Por isso o Natal continuou a ser comemorado cá em casa, com pinheiro, presépio e tudo!
Li por aí, algures (desculpem, hoje não tenho paciência para ir à procura das fontes) que em certas cidades inglesas e americanas se está a proibir o uso de símbolos referentes ao Natal em edifícios públicos e que, certos estabelecimentos comerciais, seguiram a mesma linha. Posso dizer que considero isso um radicalismo e uma grande falta de bom senso. Se o Natal evoluiu na sociedade como na minha família é, para muitos, apenas isso, uma festa de família. Não percebo porque é que, um não cristão se pode sentir ofendido com aquilo que acaba por ser uma tradição local, mesmo que tenha tido uma origem religiosa.
Ontem, dei por mim, ateu, a desejar feliz natal a um amigo budista! Do ponto de vista estritamente religioso foi um disparate. Do ponto de vista social era apenas um amigo a desejar felicidades a outro amigo. E não me digam que não faz sentido. Por isso,
FINALMENTE, o primeiro post sobre o Netvibes já está no Con(tecno)versas. Se você gosta de manter blogs ou órgãos de informação debaixo de olho, aconselho-o vivamente a experimentar aquela ferramenta. Se só gosta de surfar na net… Também! Agora a sério: o Netvibes, e outros programas do mesmo género, permitem uma autêntica revolução na forma de usar o computador e a net. Se “perder” um pouco do seu tempo a experimentá-lo é capaz de o dar por bem empregue.
Não há nada a fazer. É mais forte do que eu… Não queria escrever sobre isto mas é impossível evitar. Quando o meu “querido amigo” Dr Alberto (não lhe chamo Sr. Jardim porque sou educado) bota a boca no microfone, começo a sentir uma espécie de formigueiro nos dedos que só passa quando começo a teclar furiosamente! E pronto, lá sai post! Queria falar sobre o referendo ao aborto, mas… OK, por agora nada de referendo.
A última do Dr Alberto (já disse porque é que não lhe chamo Sr. Jardim? Já? Ah desculpem. Só queria ter a certeza) foi, devido à política de corte dos subsídios à região, declarar que "o inimigo número um do povo madeirense é o senhor Sócrates, o Senhor Santos e seus colaboracionistas" e vai daí dar o seu total apoio a toda e qualquer iniciativa contra o governo venha ela donde vier (notícia aqui)!!! Ou seja, a partir de agora podemos esperar ver o Dr Alberto (não, eu não lhe chamei Sr Jardim) ao lado de Jerónimo de Sousa nos comícios do PCP, de Francisco Louçã numa passeata contra o governo ou de Ribeiro e Castro (enquanto não for substituído por Paulo Portas) numa qualquer jantarada do PP. Para além das iniciativas do Mini Mendes mas aí, já era de esperar. Mais, se a FenProf declarar uma greve nacional, não se admirem que o Dr. Alberto (reparem que não lhe chamei Sr. Jardim) mande marcar falta a todos os professores que não façam greve. E se for uma greve dos trabalhadores dos serviços de saneamento, ele próprio se encarregará de organizar uma generosa distribuição de lixo por toda a Madeira. Pensando bem, esta última não deve ser muito difícil para ele!
Um pouco mais a sério: Quem já leu algo do que tenho escrito, sabe bem da minha total oposição ao governo Sócrates. Só que, há muito que aprendi algo que parece que escapa ao Dr Alberto (aposto que você pensou que eu ia escrever Sr. Jardim!): Os inimigos dos meus inimigos nem sempre são meus amigos. Por isso, obrigado, Dr Alberto (Não! Não vou escrever outra piada sobre o Sr. Jardim) mas não obrigado (peço desculpa aos partidários do não ao aborto por lhes copiar o slogan, mas acho que se justifica). E espero que todos os que se opõem a este governo por convicção tenham a sensatez de apontar a porta dos fundos ao Sr Jardim (ooops! Escapou).
Quanto à imagem, bem… Quando procurei uma imagem sugestiva no google, por “Alberto João Jardim”, na 2ª página, lá estava esta. O que é que isto tem a ver com o Sr Jardim? A Google lá sabe!
Faz hoje um ano que o PSeven pôs aqui o primeiro post do Con(tro)versas. Algo demasiado sério, sobre a acção da VW em Palmela, teve o seu contraponto poucos minutos depois num post do Varanda em que o humor imperava.
Um mês antes, o PSeven e o Miguel do Vale, tinham travado um intenso debate na Internet, via emails, no qual o Varanda também participou de vez em quando. Quando o debate terminou, os emails, já estavam a ser enviados para uma dezena de “assistentes” que seguiam deliciados (achamos nós) as peripécias do “combate” digital. No seu último email, o Miguel do Vale, usou a expressão “é tempo de acabar com este blog”! Foi o que deu ao PSeven a ideia de criar o Con(tro)versas. É claro que o Miguel do Vale e o Varanda eram indispensáveis e que muitos dos “assistentes” do debate também foram convidados! Infelizmente, só no mês passado é que um deles, o Tecklas, resolveu a juntar-se a nós.
Em jeito de balanço, como correu este ano? Mais ou menos. Tivemos períodos em que este blog mais parecia o projecto pessoal do PSeven, outros em que a ameaça de morte prematura esteve presente, e alguns, demasiado poucos para o nosso gosto, em que a frequência dos posts e dos comentários foi bastante alta. Mas sobretudo, aprendemos muito! Sobre a blogosfera, sobre como organizar um blog e, talvez o mais importante, como fazer amigos (e inimigos) nestas águas.
O futuro? Quem sabe? Para já temos a ideia de aumentar o número de participantes no Con(tro)versas de forma a garantir que ele não fica tão dependente da disponibilidade de um único blogger como ficou no passado. Por outro estamos a tentar estabelecer uma regularidade mínima de posts. Depois… logo se vê.
Mas para já,
Hoje é dia de festa
Cantam as nossas almas
Para o Menino Con(tro)versas
Uma salva de palmas
PSeven, Varanda, Miguel do Vale e Tecklas
Esta semana falou-se muito do acidente de Camarate em que morreram Sá Carneiro, e Amaro da Costa. Não, não me enganei, escrevi acidente de propósito porque estou mesmo convencido de que foi um acidente
Tenho consciência de que, actualmente, a tese de atentado tem muito mais popularidade. É natural! Quando há duas teses em confronto e, uma delas, tem um lobby, não muito forte mas muito persistente por detrás, acaba por ser dominante! Mas não foi sempre assim.
Eu já tinha 29 anos quando o acidente se deu. Lembro-me perfeitamente que, quer a Procuradoria-geral da República, quer Freitas do Amaral, a exercer as funções de 1º Ministro, vieram poucos dias depois esclarecer que não havia qualquer indício de atentado! Conclusão que se manteve quando a polícia deu por terminada a investigação. Só que, uma coisa são as conclusões a que se chega racionalmente, outra são as “conclusões” de quem já tinha decidido, anteriormente, que se tratava de atentado. Confrontado com o resultado da investigação, o lobby do atentado, virou-se para a Assembleia da República, onde conseguiu que fosse nomeada uma comissão de inquérito ao “caso Camarate”.
Sempre achei estas comissões um absurdo! A Assembleia da República tem 3 funções – fazer leis, aprovar o programa do governo e fiscalizar a sua acção. Em nenhuma delas cabem comissões de inquérito a acidentes ou atentados, por muito ilustres que sejam as vítimas! Além disso, os deputados não têm qualquer formação especial para orientarem investigações nem os serviços da assembleia estão para aí vocacionados. Então, qual é a lógica de criar estas comissões a não ser para ter uma voz credível e que se possa manipular?
Apesar disso, a primeira comissão terminou sem conclusões claras. Mas os radicais da tese do atentado não desarmaram: pouco tempo depois conseguiram que fosse criada nova comissão. Que também não chegou a qualquer conclusão. E de comissão em comissão já vamos na 9ª (creio).
A primeira comissão que deu como provado o atentado foi a 5ª. E também foi a protagonista de uma das cenas mais ridículas de toda esta história: compenetrados do seu papel de investigadores, os senhores deputados resolveram ir visitar o armazém onde ainda estavam guardados os destroços do Cessna acidentado. Já tinham passado muitos anos, já não havia muito cuidado para impedir que os destroços fossem contaminados por outros objectos guardados no mesmo armazém, etc, mas, mesmo assim, os senhores deputados lá foram. A meio da visita, um dos senhores deputados pegou num destroço, ao acaso, e pediu para que fosse examinado no laboratório. Então não é que esse destroço apresentou vestígios de explosivos!!! Que se saiba foi o único. Nem comento! Essa comissão terminou com a audição, com pompa e circunstancia, na Assembleia, de um especialista internacional em terrorismo e atentados, que chegou de manhã, falou de tarde e saiu a tempo de apanhar o avião da noite. Com base em tão valioso testemunho concluiu-se pelo atentado. Entretanto, as conclusões de dois especialistas em acidentes de aviação, que estiveram em Portugal alguns anos antes, e que levaram mais de uma semana a examinar os destroços, foram esquecidas. Talvez porque concluíam que nada indicava ter havido atentado?
Agora, em mais um aniversário do acidente, os irredutíveis defensores do atentado clamam finalmente vitória. Um dos envolvidos no “atentado”, um tal José Esteves, confessou à Focus ter feito a bomba de Camarate. E pronto, eis os irredutíveis felizes.
Mas… quem é José Esteves? Foi comando em Angola, operacional de rede bombista após o 25 de Abril, guarda-costas de Freitas do Amaral e bruxo (não, não estou a brincar). Mais recentemente, aderiu ao islamismo e proclamou ligações à Al-quaida. Tão credível personagem, foi presa no próprio dia pela polícia judiciária, não por causa do caso Camarate mas porque era suspeito de ter colocado ossadas junto às instalações da SIC, de, vestido de árabe, ter ameaçado fazer-se explodir dentro das instalações da Procuradoria Geral da República e por ter colocado panfletos com dizeres em árabe, junto de bebidas à venda em grandes superfícies! A própria versão que José Esteves conta à Focus é mirabolante: Teria sido Amaro da Costa a pedir-lhe para fabricar a bomba, destinada a ser colocada naquele aparelho no dia anterior, para provocar um susto ao General Soares Carneiro que o usou numa deslocação. Este estava em campanha para a Presidência da República apoiado pela coligação PSD-CDS, mas estava a correr mal e Amaro da Costa esperava, assim, inverter a tendência de voto. Francamente, apresentar isto como prova envergonha qualquer um que não esteja desesperado.
Não tenho nenhum interesse especial na tese do acidente. Mas enquanto me contarem histórias da carochinha deste calibre…
O Con(tecno)versas também está a renascer das cinzas! Já lá está um novo post sobre o Meebo (site que permite a utilização da rede MSN e de outras sem instalar nada).
P.S. gostaria que os meus co-bloggers assumissem um compromisso do mesmo género!
A pessoa que morreu era católica praticante pelo que teve um funeral católico do qual fez parte uma missa de corpo presente. Devido às minhas convicções foi-me dada a opção de não assistir. Só que, na minha cabeça, o factor “última homenagem a quem tinha morrido” pesava mais que o factor “cerimónia de adoração a um deus em que não acredito”. Além disso, queria acompanhar os meus familiares que iam estar presentes. Por isso, 40 anos (+/-) depois, voltei a assistir a uma missa. E, a meio, já estava arrependido!
A homenagem ao meu familiar resumiu-se a uma breve citação a meio da cerimónia. Cerimónia que foi aproveitada para, entre as orações e os cânticos, o padre ler um trecho da bíblia sobre o qual, depois, fez alguns comentários. Eu sei que se calhar estou a ser um ingénuo e a demonstrar uma enorme ignorância sobre o que se passa nas missas mas, quando o padre leu um texto em que um “servo” era uma das figuras centrais, porque era muito bom “servo”, e os elogiados eram os pobres, os sem abrigo, os que nada tinham, porque os outros perdiam-se com as suas posses, não demonstravam humildade, não se entregavam aos outros, não viviam a vida verdadeira, etc… Eu primeiro belisquei-me, depois perguntei-me se não me tinha enganado e não estava num comício de um qualquer “Partido da Servidão e da Humilhação Colectiva” para, depois, só ter vontade de sair dali para fora. Como é que é possível que, no início do sec XXI, se propagandeie descaradamente a submissão e a humilhação daquela maneira?!! Felizmente acabou pouco depois, e, com o resto das cerimónias, e as emoções que as rodearam, não pensei mais naquilo.
Mais tarde, revendo o que tinha acontecido, senti-me enganado! Fui a uma homenagem a um parente e saiu-me um comício do “Partido da Servidão”. E dei comigo a pensar que aquilo se repete milhares de vezes por todo o país todas as semanas! Para lavagem cerebral programada, não está mal.
Quero ser bem claro nisto: sou um intransigente defensor da liberdade de religião. Mas, defender a liberdade dos outros não significa dizer ámen a todos os disparates que se façam usando essa liberdade. E, se aquela missa foi algo de típico, então quero também dizer muito claramente, que na minha opinião, a Igreja Católica está a ter, no plano social, uma acção altamente perniciosa para a civilização ocidental e que deve ser frontalmente combatida! E isto não tem nada a ver com crenças religiosas ou liberdade de religião. Não quero combater nem a Igreja Católica, nem qualquer outra, no que respeita à sua acção religiosa. Mas, quando faz a apologia da servidão, isso já não tem nada a ver com crenças, tem a ver com o social e coloca-a, claramente, em oposição frontal a tudo o que sempre pensei e defendi. Não estou a defender qualquer proibição administrativa ou a sugerir qualquer esquema de censura. Estou a dizer que acho urgente que se acabem com determinados tabus e se diga frontalmente que, no plano social, aquela acção da Igreja Católica é totalmente errada e deve ser fortemente combatida. Sem temores nem subserviências.
Nota: Este e o próximo (espero) post vão ser um pouco diferentes do que eu habitualmente escrevo! São o resultado de uma experiência pessoal intensa que deixou marcas e que eu quero registar.
Recentemente passei pela triste experiência de perder uma pessoa de família muito próxima. Não foi algo de súbito! Três meses antes todos temíamos que isso acontecesse, um mês antes todos, incluindo a própria, sabíamos que era inevitável a curto prazo. Devíamos estar preparados, mas…
É claro que acompanhámos, de forma mais próxima os seus últimos dias, e sobretudo as últimas horas. É-me difícil explicar o que foi esse tempo de sofrimento partilhado. O seu organismo estava a parar, parecia inconsciente mas não podíamos ter a certeza. Havia momentos em que parecia que a lucidez voltava. Momentos em que, acredito, ela tinha consciência do que estava a acontecer.
Recordo-me das sensações de impotência e de raiva. PORQUÊ? Porque é que aquele sofrimento colectivo não era abreviado. Estávamos em presença de um doente terminal. Ninguém, nem o próprio, no dia anterior, tinha qualquer dúvida a esse respeito. Por isso para quê prolongá-lo?
Aqui, a propósito do 11 de Setembro, eu escrevi que, por ser ateu, considero intolerável encurtar o tempo de vida a alguém. Devo acrescentar que considero igualmente intolerável prolongar o tempo de vida a alguém que já não deseja viver. Eu sei que vivo numa sociedade de matriz judaico-cristã, onde a maioria das pessoas acredita que a vida pertence a um Deus que, sadicamente, valoriza aquele tipo de sofrimento pelo que a eutanásia está fora de questão. Longe de mim obrigar essas pessoas a praticá-la. Mas porque é que me obrigam a mim a seguir crenças que não são as minhas?
Tenho 55 anos. Há muito que passei da fase da ilusão da imortalidade. Sei que, um dia, chegará a minha vez – espero que o mais tarde possível porque adoro estar vivo. Se nessa altura eu me encontrar na situação do meu parente, vou ter o cuidado de reunir uma dose letal de calmantes ou doutra substância qualquer. Depois, quando achar que chegou o momento, despeço-me dos que me forem queridos e não vou esperar por cair! Vou saltar.
"Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidade de
recém- nascidos do mundo, melhor que a média da União Europeia.
Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundial de
tecnologia de transformadores. Mas onde outra é líder mundial na
produção de feltros para chapéus.
Eu conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos para
telemóveis e os vende para mais de meia centena de mercados. E que tem
também outra empresa que concebeu um sistema através do qual você pode
escolher, pelo seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o filme
que quer ver e a cadeira onde se quer sentar.
Eu conheço um país que inventou um sistema biométrico de pagamentos
nas bombas de gasolina e uma bilha de gás muito leve que já ganhou
vários prémios internacionais. E que tem um dos melhores sistemas de
Multibanco a nível mundial , onde se fazem operações que não é
possível fazer na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos. Que fez
mesmo uma revolução no sistema financeiro e tem as melhores agências
bancárias da Europa (três bancos nos cinco primeiros).
Eu conheço um país que está avançadíssimo na investigação da produção
de energia através das ondas do mar. E que tem uma empresa que analisa
o ADN de plantas e animais e envia os resultados para os clientes de
toda a Europa por via informática.
Eu conheço um país que tem um conjunto de empresas que desenvolveram
sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos a
pequenas e médias empresas.
Eu conheço um país que conta com várias empresas a trabalhar para a
NASA ou para outros clientes internacionais com o mesmo grau de
exigência. Ou que desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas
portagens das auto-estradas . Ou que vai lançar um medicamento
anti-epiléptico no mercado mundial. Ou que é líder mundial na produção
de rolhas de cortiça. Ou que produz um vinho que "bateu" em duas
provas vários dos melhores vinhos espanhóis. E que conta já com um
núcleo de várias empresas a trabalhar para a Agência Espacial
Europeia. Ou que inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial de
pagamentos de cartões pré-pagos para telemóveis. E que está a
construir ou já construiu um conjunto de projectos hoteleiros de
excelente qualidade um pouco por todo o mundo.
O leitor, possivelmente, não reconhece neste País aquele em que vive –
Portugal. Mas é verdade. Tudo o que leu acima foi feito por empresas
fundadas por portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas por
portugueses, com sede em Portugal, que funcionam com técnicos e
trabalhadores portugueses. Chamam -se, por ordem, Efacec, Fepsa,
Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS, BPI, BCP, Totta, BES, CGD, Stab Vida,
Altitude Software, Primavera Software, Critical Software, Out Systems,
WeDo, Brisa, Bial, Grupo Amorim, Quinta do Monte d'Oiro, Activespace
Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Space Services.
E, obviamente, Portugal Telecom Inovação. Mas também dos grupos
Pestana, Vila Galé, Porto Bay, BES Turismo e Amorim Turismo.
E depois há ainda grandes empresas multinacionais instaladas no País,
mas dirigidas por portugueses, trabalhando com técnicos portugueses,
que há anos e anos obtêm grande sucesso junto das casas mãe, como a
Siemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal, McDonalds (que
desenvolveu em Portugal um sistema em tempo real que permite saber
quantas refeições e de que tipo são vendidas em cada estabelecimento
da cadeia norte-americana).
É este o País em que também vivemos.
É este o País de sucesso que convive com o País estatisticamente
sempre na cauda da Europa, sempre com péssimos índices na educação, e
com problemas na saúde, no ambiente, etc.
Mas nós só falamos do País que está mal. Daquele que não acompanhou o
progresso. Do que se atrasou em relação à média europeia. Está na
altura de olharmos para o que de muito bom temos feito. De nos
orgulharmos disso. De mostrarmos ao mundo os nossos sucessos – e não
invariavelmente o que não corre bem, acompanhado por uma fotografia de
uma velhinha vestida de preto, puxando pela arreata um burro que, por
sua vez, puxa uma carroça cheia de palha. E ao mostrarmos ao mundo os
nossos sucessos, não só futebolísticos, colocamo- nos também na
situação de levar muitos outros portugueses a tentarem replicar o que
de bom se tem feito.
Porque, na verdade, se os maus exemplos são imitados,porque não hão-de
os bons serem também seguidos?"
Nicolau Santos, Director – adjunto do Jornal Expresso
In Revista Exportar
Bom, se calhar eu é que estou a ser um optimista incorrigível …