03 janeiro 2007

A Pena de Saddam

(Parece sina! Todas as vezes que penso escrever aquele post sobre o anunciado referendo ao aborto, aparece qualquer coisa mais urgente. Talvez da próxima)

No post que está aqui a seguir, o meu amigo Varanda dá azo à sua compreensível revolta perante um acto, à partida, bárbaro. E, à partida, estou de acordo com ele. Mas…

Por motivos que tenho exposto ultimamente sou contra a pena de morte, quando aplicada a seres humanos. Só que, para mim, a tortura, acto pelo qual se causa voluntariamente sofrimento a uma pessoa, é algo de verdadeiramente incompreensível. Compreendo que alguém, para se defender, ou porque está no meio duma situação em que se perdeu o controle ou por outros motivos válidos, seja levado a agredir outro. Por motivo de autodefesa ou para defender inocentes até aceito, em situações extremas que alguém mate alguém. Mas torturar? Voluntariamente provocar sofrimento a outra pessoa? É para mim de tal maneira impensável que não consigo considerar os responsáveis por isso seres humanos. É um dos dois casos em que defendo que, não havendo qualquer dúvida, a pena de morte deve ser aplicada. Sobretudo a quem ordena essas práticas, mas sem excluir quem as executa.

O Outro é o genocídio! É, normalmente uma decisão tomada a frio, com total desprezo pela vida de milhares de seres humanos. Quem toma decisões destas coloca-se do outro lado da barricada em relação à raça humana. Mais uma vez, desde que não haja lugar a dúvidas…

Então estou de acordo com a execução de Saddam? Não!!! Não tenho a mínima dúvida de que ele é culpado tanto de genocídio como de tortura. Mas eu não sou competente para julgar seja quem for. Mais por nós do que por Saddam, este caso tinha o direito a um julgamento imparcial. Mais por nós do que por ele, era preciso expor em tribunal, e sem margem para a mínima dúvida, os muitos crimes de que ele era acusado. E isso não foi feito. Aquela fantochada, tinha a condenação decidida desde o início. Um juiz foi afastado do julgamento porque estava a ser demasiado brando com Saddam. A condenação foi conhecida poucos dias antes da votação intercalar para o Congresso e o Senado dos EEUU e a execução foi feita à pressa. Mais, com tanta asneira, foi aberto caminho para que este tirano seja considerado, por muitos, como um mártir e para atiçar ainda mais o clima de pré-guerra civil que se vive hoje no Iraque. Assim, por motivos diferentes, também eu digo, como o Varanda, “Lamento ser obrigado a lamentar por uma pessoa que merece ser punida. Mas assim não.”

4 Comments:

Blogger Varanda said...

Peço desculpa PSeven, mas não posso concordar inteiramente contigo.
Para mim não é não, sou fundamentalista.

Até porque, como sabes bem, o que hoje é azul amanhã é amarelo. E a história está cheia de exemplos de grandes homens que foram executados porque na altura era assim que se pensava e terá feito todo o sentido.
Insisto afirmando que, na minha opinião, não há maior tortura do que condenar alguém à morte. É de certeza a sensação mais angustiante que se pode ter.

3/1/07 23:14  
Blogger Rantas said...

O que se passou não foi Justiça. Foi Política...

10/1/07 00:03  
Blogger PSeven said...

Rantas: Não podia estar mais de acordo contigo

Varanda: Repara que eu só defendo a aplicação da pena de morte para torturadores e genocídas quando não há lugar para a mais pequena dúvida. Se, no futuro, alguém achar que um torturador ou um genocída é um "grande homem", como tu dizes... eu vou estar de certeza do outro lado da barricada...
Quanto à pena de morte ser a maior tortura... tenho dúvidas. Já imaginaste o desespero de quem está num campo de tortura sabendo que não pode esperar outra coisa da vida senão tortura e sofrimento? Ou dos poucos sobreviventes de um genocídio, após perderem os familiares, os amigos, toda a gente com quem se davam? Não sei qual é pior nem isso interessa muito. Porque não me move qualquer sentimento de vingança. Quando eu defendo a pena de morte para aqueles casos é porque penso que eles são uma ameaça para os seres humanos decentes e que, a sua morte é a única maneira segura de os neutralizar. E porque não acredito que quem desceu tão baixo se possa regenerar.

Um abraço (será que vamos ter finalmente polémica?)

10/1/07 18:32  
Anonymous Anónimo said...

Matou-se o homem à pressa e por encomenda.

Não merecia tal sorte, a de morrer como herói entre os seus.

um abraço.

11/1/07 18:48  

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