14 fevereiro 2007

Ainda não consegui parar de rir...

Os habitantes de Felgueiras receberam anteontem panfletos com apelos à realização de manifestações a favor da presidente da Câmara local, que hoje começa a ser julgada por corrupção. O advogado da autarca já afirmou que Fátima Felgueiras não é a autora dos folhetos.

"Peço que vos manifesteis publicamente quando provocados por qualquer felgueirense indigno desse estatuto e mantenhais a mesma sapiência cristã que tendes demonstrado ao longo deste calvário", lê-se no panfleto, que tem uma fotografia de Fátima Felgueiras.

O texto alerta ainda o povo de Felgueiras para "os momentos difíceis que se aproximam" e fala de uma "campanha anti-Felgueiras", que passa por subornar jornalistas "e outros intoxicadores da opinião pública".

Em declarações à Lusa, Artur Marques, advogado da autarca, negou que Fátima Felgueiras tenha feito qualquer panfleto a convocar manifestações e atribuiu a autoria do texto "a pessoas que têm medo de ser julgadas em Felgueiras".

Autarca acusada de lesar o município em 788.750 euros

A presidente da Câmara de Felgueiras começa hoje a responder em tribunal por 23 crimes, por suspeita de ter lesado o município em 788.750 euros em contratos viciados com a empresa Resin e em viagens ao estrangeiro.

Em relação a alguns destes montantes a responsabilidade caberá também ao ex-presidente da Câmara e ex-presidente da Assembleia Municipal, Júlio Faria, do PS, que geriu o município até 1995, data em que foi substituído pela autarca.

Felgueiras enfrenta ainda um outro processo em que foi acusada de 14 crimes, por causa de contratos-programa com o Futebol Clube de Felgueiras e que vai agora entrar na fase de instrução.

O caso do saco azul do PS local baseia-se no depoimento de 111 testemunhas e em prova documental reunida pelo inquérito da Inspecção-Geral da Administração do Território (IGAT) ao município; em análises feitas pela PJ de Braga às viagens particulares de avião feitas por Fátima Felgueiras; numa factura da firma Norlabor, Sociedade de Prestação de Serviços; e na análise feita pela IGAT aos processamentos de licenciamento camarários.

O despacho de pronúncia considera que Fátima Felgueiras e Júlio Faria actuaram de forma concertada para conseguir verbas que financiassem as suas actividades políticas, respectivamente nas campanhas eleitorais para o Parlamento (a que Júlio Faria se candidatou) e nas autárquicas de 1997.

(in Público)