14 setembro 2006

11 de Setembro

Foi há 5 anos e três dias. Não foi só por falta de tempo que não escrevi, há 3 dias, um post sobre os acontecimentos de então. Um pequeno comentário que fiz num post do El Ranys, no “Revisão da Matéria”, foi o suficiente para perceber como as emoções estavam à flor da pele. E como um post a raciocinar sobre o problema não seria bem-vindo. Resolvi deixar para depois… Agora.

Antes de continuar: eu não sou impermeável às emoções. Lembro-me muito bem do 11 de Setembro de há 5 anos, como recebi as notícias, como corri para os gabinetes dos meus colegas de então, como procurámos atabalhoadamente um site de notícias que ainda não estivesse entupido e de como acabámos a ouvir a TSF num rádio de pilhas que alguém se lembrou que tinha ali. Das emoções desse dia lembro-me sobretudo de duas: rejeição e impotência. Eu não queria aceitar aquela realidade mas era impotente para a deter. E com a realidade vinha o horror, a raiva e a dor. Escrevo no passado, porque estou a recordar, mas os sentimentos estão cá, na mesma.

Há outra coisa que quero explicar antes de passar à frente: Eu sou ateu. Não acredito em céu (ou inferno) ou vidas espirituais após a morte. Por isso é, para mim, intolerável que se impeça alguém de viver a vida a que tem direito. Lançar aviões carregados de gente contra torres carregadas de gente, então…

Mas a vida continua! E, como disse no comentário ao Post do El Ranys, às vezes é preciso racionalizar, por muito que isso nos custe. Porque se não o fizermos, estaremos a combater o terrorismo responsável por estes actos de forma errada e ineficaz. Como se fez ao longo destes 5 anos. Este é um mal que tem de ser combatido com inteligência e não apenas com força bruta.

Organizações extremistas e terroristas, sempre existiram e duvido que alguma vez desapareçam de todo. Essas organizações não constituem um grande problema enquanto não atingem uma dimensão considerável. Enquanto são pequenos grupos desorientados e com poucos recursos são facilmente controláveis por métodos policiais. Os verdadeiros problemas começam quando essas organizações crescem, se organizam e se tornam mais poderosas. E quando, a miopia dos responsáveis pelo combate ao terrorismo, não os deixa compreender que estão a lidar com um fenómeno novo e tentam combater essas organizações usando os mesmos métodos que usavam no passado. No limite, acontecem o 11 de Setembro e todos os outros atentados que vieram em sequência.

O que é preciso então? Na minha opinião, combater as organizações terroristas na sua base social de apoio. É que, elas só crescem se tiverem apoios e simpatias generalizadas numa parte da população. Que é exactamente o que acontece actualmente entre as populações árabes. O Hamas, unanimemente considerado terrorista no ocidente, ganhou as eleições na Palestina. O Hezbollah, a julgar por sondagens recentes, é apoiado por 84% da comunidade Xiita libanesa (ver aqui).

Qual a causa disto? Não me parece difícil explicar. Basta falar na Palestina, na Arábia Saudita, no Iraque e em quantos mais casos para percebermos o ódio generalizado árabe ao ocidente. Não era altura para mudar radicalmente esta política? Exemplo: Enquanto todo o ocidente apoiou, mais ou menos descaradamente, a invasão israelita do Líbano, o Hezbollah anda a subsidiar a fundo perdido a reconstrução de casas, sobretudo de famílias mais pobres! Agora, imagine que é um libanês, que a sua casa tinha levado com uma bomba israelita em cima, e que o Hezbollah, sem lhe pedir nada em troca, lhe dava o dinheiro necessário para a reconstrução. Honestamente, para onde iam as suas simpatias? Para o Ocidente que apoiou Israel? Pois, bem me parecia!

4 Comments:

Blogger Rantas said...

Pseven,
No Merdex iniciou-se também uma discussão interessante sobre este assunto

17/9/06 01:45  
Anonymous Anónimo said...

:)

17/9/06 14:45  
Blogger PSeven said...

Rantas,
Obrigado pela dica. Já lá fui ver. Gostava de participar, mas arranjar tempo para pôr um comentário sério...

pcf,
:-))

17/9/06 20:38  
Blogger Miguel do Vale said...

Pseven...
Parabéns pelo post.
De facto é assim mesmo. Eu só recriminava um pouco mais o Hezbollah, em relação aos objectivos com que financia a reconstrução das casas.

Parabéns.

19/9/06 21:00  

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