29 novembro 2006

OTA vez a roubar ?

Porquê a OTA ?

Não me chamem anti-desenvolvimento, mas sou mesmo anti-Ota. Porquê?
Porque se vão gastar milhões com o projecto e a meu ver desnecessariamente. É preciso ver que ao orçamento previsto, devemos multiplicar por dois. São as regras das obras públicas.
Mas não existem outras necessidades? Ou a piramide inverteu-se? Não eram as necessidades básicas que se deviam satisfazer em 1º lugar? Eu oiço falar em professores que não vão receber subsidio de Natal por um lado, e por outro, oiço falar em milhões que se vão gastar na OTA e no TGV. Faz algum sentido?! NÃO, NÃO FAZ.
Vamos imaginar que a Portela estava mesmo esgotada (alguém acredita nisso?). Os aeroportos militares do Montijo e de Alverca, com necessárias melhorias, não podiam servir? Por exemplo as viagens "Low-Cost" serem desviadas para o Montijo. Não era uma boa ideia? Com taxas mais baixas não aumentaria a competitividade? Ou será que um areporto a mais de 50 Km de Lisboa é que é competitivo? Não irão os custos aumentar? Não só nas pessoas mas principalmente nas mercadorias.
O assunto é outro, não é? Parece-me que existem interesses superiores aos interesses nacionais, ou não acham?
A meu ver isto é mais assalto e insulto aos que pagam impostos. É ou não um espectáculo tomar uma decisão de fazer o aeroporto e só depois encomendar estudos de impacto ambiental?
Apetece-me deixar de pagar impostos.
Tudo se repete. Só mudam as moscas. E o que me custa mais é a impunidade. Quem é que castigou aqueles que mandaram construir 10 estádios com o nosso dinheiro, e que se encontram vazios? Sempre os mesmos a tratar dos seus lobies, das suas reformas, ou de arranjar formas de sacar milhões ao Estado em consultorias desnecessárias.
E estão cá os idiotas a pagar cada vez mais impostos para alimentar isto.

ESTOU FARTO.

Qualquer dia falo do TGV. Da maravilhosa ligagação Huelva-Faro. Vai custar milhões numa ligação que terá uma média anual de quantas pessoas? Sim... sem contar com o maquinista...
Enfim...
Se calhar sou eu que sou um velho do restelo.

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O Con(tecno)versas também está a renascer das cinzas! Já lá está um novo post sobre o Meebo (site que permite a utilização da rede MSN e de outras sem instalar nada).

28 novembro 2006

Auto-Regulação

Ajude o governo, apresente-se junto do seu patrão e peça para ser "flexisegurado".

27 novembro 2006

Con(tro)versas de Fim-de-semana

A partir de agora, todos os fins-de-semana vou pôr aqui um post. Sobre alguma coisa que aconteceu durante a semana, ou sobre algo de que me apeteça falar. O que é importante é que, domingo, ao fim do dia, haverá aqui mais um post! Isto não invalida que outros sejam aqui colocados, durante a semana, se tiver motivo e tempo. Por isso, até domingo, se não for antes!

P.S. gostaria que os meus co-bloggers assumissem um compromisso do mesmo género!

26 novembro 2006

A Qualidade da Propaganda!

Apesar do estranho nome, este é o 2º post motivado pela morte do meu familiar. Demorou tanto porque, por um lado tinha cada vez mais vontade de o escrever, por outro, não tinha paciência mesmo nenhuma para isso. Mas é chegada a hora de encerrar este capítulo. A vida, felizmente, continua.

No que respeita a religião, na minha família, há um pouco de tudo! Desde ateus como eu, a quem acredita em algo mas não pratica qualquer religião, a quem está mais ou menos envolvido com a actividade de uma igreja e até um membro laico de uma ordem religiosa. Como estamos todos muito convictos das nossas ideias e temos a plena consciência que ninguém vai convencer ninguém, religião não é um tema de conversa muito comum entre nós. Respeitamos as opções de cada um e pronto!

A pessoa que morreu era católica praticante pelo que teve um funeral católico do qual fez parte uma missa de corpo presente. Devido às minhas convicções foi-me dada a opção de não assistir. Só que, na minha cabeça, o factor “última homenagem a quem tinha morrido” pesava mais que o factor “cerimónia de adoração a um deus em que não acredito”. Além disso, queria acompanhar os meus familiares que iam estar presentes. Por isso, 40 anos (+/-) depois, voltei a assistir a uma missa. E, a meio, já estava arrependido!

A homenagem ao meu familiar resumiu-se a uma breve citação a meio da cerimónia. Cerimónia que foi aproveitada para, entre as orações e os cânticos, o padre ler um trecho da bíblia sobre o qual, depois, fez alguns comentários. Eu sei que se calhar estou a ser um ingénuo e a demonstrar uma enorme ignorância sobre o que se passa nas missas mas, quando o padre leu um texto em que um “servo” era uma das figuras centrais, porque era muito bom “servo”, e os elogiados eram os pobres, os sem abrigo, os que nada tinham, porque os outros perdiam-se com as suas posses, não demonstravam humildade, não se entregavam aos outros, não viviam a vida verdadeira, etc… Eu primeiro belisquei-me, depois perguntei-me se não me tinha enganado e não estava num comício de um qualquer “Partido da Servidão e da Humilhação Colectiva” para, depois, só ter vontade de sair dali para fora. Como é que é possível que, no início do sec XXI, se propagandeie descaradamente a submissão e a humilhação daquela maneira?!! Felizmente acabou pouco depois, e, com o resto das cerimónias, e as emoções que as rodearam, não pensei mais naquilo.

Mais tarde, revendo o que tinha acontecido, senti-me enganado! Fui a uma homenagem a um parente e saiu-me um comício do “Partido da Servidão”. E dei comigo a pensar que aquilo se repete milhares de vezes por todo o país todas as semanas! Para lavagem cerebral programada, não está mal.

Quero ser bem claro nisto: sou um intransigente defensor da liberdade de religião. Mas, defender a liberdade dos outros não significa dizer ámen a todos os disparates que se façam usando essa liberdade. E, se aquela missa foi algo de típico, então quero também dizer muito claramente, que na minha opinião, a Igreja Católica está a ter, no plano social, uma acção altamente perniciosa para a civilização ocidental e que deve ser frontalmente combatida! E isto não tem nada a ver com crenças religiosas ou liberdade de religião. Não quero combater nem a Igreja Católica, nem qualquer outra, no que respeita à sua acção religiosa. Mas, quando faz a apologia da servidão, isso já não tem nada a ver com crenças, tem a ver com o social e coloca-a, claramente, em oposição frontal a tudo o que sempre pensei e defendi. Não estou a defender qualquer proibição administrativa ou a sugerir qualquer esquema de censura. Estou a dizer que acho urgente que se acabem com determinados tabus e se diga frontalmente que, no plano social, aquela acção da Igreja Católica é totalmente errada e deve ser fortemente combatida. Sem temores nem subserviências.

14 novembro 2006

A Qualidade da Morte

Nota: Este e o próximo (espero) post vão ser um pouco diferentes do que eu habitualmente escrevo! São o resultado de uma experiência pessoal intensa que deixou marcas e que eu quero registar.

Recentemente passei pela triste experiência de perder uma pessoa de família muito próxima. Não foi algo de súbito! Três meses antes todos temíamos que isso acontecesse, um mês antes todos, incluindo a própria, sabíamos que era inevitável a curto prazo. Devíamos estar preparados, mas…

É claro que acompanhámos, de forma mais próxima os seus últimos dias, e sobretudo as últimas horas. É-me difícil explicar o que foi esse tempo de sofrimento partilhado. O seu organismo estava a parar, parecia inconsciente mas não podíamos ter a certeza. Havia momentos em que parecia que a lucidez voltava. Momentos em que, acredito, ela tinha consciência do que estava a acontecer.

Recordo-me das sensações de impotência e de raiva. PORQUÊ? Porque é que aquele sofrimento colectivo não era abreviado. Estávamos em presença de um doente terminal. Ninguém, nem o próprio, no dia anterior, tinha qualquer dúvida a esse respeito. Por isso para quê prolongá-lo?

Aqui, a propósito do 11 de Setembro, eu escrevi que, por ser ateu, considero intolerável encurtar o tempo de vida a alguém. Devo acrescentar que considero igualmente intolerável prolongar o tempo de vida a alguém que já não deseja viver. Eu sei que vivo numa sociedade de matriz judaico-cristã, onde a maioria das pessoas acredita que a vida pertence a um Deus que, sadicamente, valoriza aquele tipo de sofrimento pelo que a eutanásia está fora de questão. Longe de mim obrigar essas pessoas a praticá-la. Mas porque é que me obrigam a mim a seguir crenças que não são as minhas?

Tenho 55 anos. Há muito que passei da fase da ilusão da imortalidade. Sei que, um dia, chegará a minha vez – espero que o mais tarde possível porque adoro estar vivo. Se nessa altura eu me encontrar na situação do meu parente, vou ter o cuidado de reunir uma dose letal de calmantes ou doutra substância qualquer. Depois, quando achar que chegou o momento, despeço-me dos que me forem queridos e não vou esperar por cair! Vou saltar.

03 novembro 2006

Auto-Regulação

Ajude o governo, apresente-se no hospital mais próximo e peça para ser abortado.

Eu Também conheço e…

"Eu conheço um país que tem uma das mais baixas taxas de mortalidade de
recém- nascidos do mundo, melhor que a média da União Europeia.

Eu conheço um país onde tem sede uma empresa que é líder mundial de
tecnologia de transformadores. Mas onde outra é líder mundial na
produção de feltros para chapéus.

Eu conheço um país que tem uma empresa que inventa jogos para
telemóveis e os vende para mais de meia centena de mercados. E que tem
também outra empresa que concebeu um sistema através do qual você pode
escolher, pelo seu telemóvel, a sala de cinema onde quer ir, o filme
que quer ver e a cadeira onde se quer sentar.

Eu conheço um país que inventou um sistema biométrico de pagamentos
nas bombas de gasolina e uma bilha de gás muito leve que já ganhou
vários prémios internacionais. E que tem um dos melhores sistemas de
Multibanco a nível mundial , onde se fazem operações que não é
possível fazer na Alemanha, Inglaterra ou Estados Unidos. Que fez
mesmo uma revolução no sistema financeiro e tem as melhores agências
bancárias da Europa (três bancos nos cinco primeiros).

Eu conheço um país que está avançadíssimo na investigação da produção
de energia através das ondas do mar. E que tem uma empresa que analisa
o ADN de plantas e animais e envia os resultados para os clientes de
toda a Europa por via informática.

Eu conheço um país que tem um conjunto de empresas que desenvolveram
sistemas de gestão inovadores de clientes e de stocks, dirigidos a
pequenas e médias empresas.

Eu conheço um país que conta com várias empresas a trabalhar para a
NASA ou para outros clientes internacionais com o mesmo grau de
exigência. Ou que desenvolveu um sistema muito cómodo de passar nas
portagens das auto-estradas . Ou que vai lançar um medicamento
anti-epiléptico no mercado mundial. Ou que é líder mundial na produção
de rolhas de cortiça. Ou que produz um vinho que "bateu" em duas
provas vários dos melhores vinhos espanhóis. E que conta já com um
núcleo de várias empresas a trabalhar para a Agência Espacial
Europeia. Ou que inventou e desenvolveu o melhor sistema mundial de
pagamentos de cartões pré-pagos para telemóveis. E que está a
construir ou já construiu um conjunto de projectos hoteleiros de
excelente qualidade um pouco por todo o mundo.

O leitor, possivelmente, não reconhece neste País aquele em que vive –
Portugal. Mas é verdade. Tudo o que leu acima foi feito por empresas
fundadas por portugueses, desenvolvidas por portugueses, dirigidas por
portugueses, com sede em Portugal, que funcionam com técnicos e
trabalhadores portugueses. Chamam -se, por ordem, Efacec, Fepsa,
Ydreams, Mobycomp, GALP, SIBS, BPI, BCP, Totta, BES, CGD, Stab Vida,
Altitude Software, Primavera Software, Critical Software, Out Systems,
WeDo, Brisa, Bial, Grupo Amorim, Quinta do Monte d'Oiro, Activespace
Technologies, Deimos Engenharia, Lusospace, Skysoft, Space Services.
E, obviamente, Portugal Telecom Inovação. Mas também dos grupos
Pestana, Vila Galé, Porto Bay, BES Turismo e Amorim Turismo.

E depois há ainda grandes empresas multinacionais instaladas no País,
mas dirigidas por portugueses, trabalhando com técnicos portugueses,
que há anos e anos obtêm grande sucesso junto das casas mãe, como a
Siemens Portugal, Bosch, Vulcano, Alcatel, BP Portugal, McDonalds (que
desenvolveu em Portugal um sistema em tempo real que permite saber
quantas refeições e de que tipo são vendidas em cada estabelecimento
da cadeia norte-americana).

É este o País em que também vivemos.

É este o País de sucesso que convive com o País estatisticamente
sempre na cauda da Europa, sempre com péssimos índices na educação, e
com problemas na saúde, no ambiente, etc.

Mas nós só falamos do País que está mal. Daquele que não acompanhou o
progresso. Do que se atrasou em relação à média europeia. Está na
altura de olharmos para o que de muito bom temos feito. De nos
orgulharmos disso. De mostrarmos ao mundo os nossos sucessos – e não
invariavelmente o que não corre bem, acompanhado por uma fotografia de
uma velhinha vestida de preto, puxando pela arreata um burro que, por
sua vez, puxa uma carroça cheia de palha. E ao mostrarmos ao mundo os
nossos sucessos, não só futebolísticos, colocamo- nos também na
situação de levar muitos outros portugueses a tentarem replicar o que
de bom se tem feito.

Porque, na verdade, se os maus exemplos são imitados,porque não hão-de
os bons serem também seguidos?"

Nicolau Santos, Director – adjunto do Jornal Expresso
In Revista Exportar

Encontrei este artigo no Quintus. Como não comprei a revista, tentei encontrar o original na Internet mas não consegui. Mas como fui parar a uma série de Blogs com o mesmo artigo e a mesma referência, parto do princípio que é verídico.

Verídico ou não, por uma vez alguém manda uma pedra no charco que é o discurso “standard” do nós-somos-uns-coitadinhos-e-o-que-se-faz-lá-fora-é-que-é-bom! (ALELUIA). Além disso, isto devia-nos fazer pensar. Pelos vistos, quando há organização e ideias, não há dificuldade em encontrar força de trabalho adequada em Portugal! E ter sucesso. Pelos vistos o problema não é o custo da mão-de-obra. Se calhar o caminho não é desvalorizarmo-nos e tornar mais barato o trabalho de cada vez que há uma crise mas sim procurar pessoas competentes, com ideias, organizar com um fim, promover quem é capaz e… obter sucesso. Se calhar o caminho é apostar nas capacidades dos portugueses em vez da competição com os Vietnams os Ugandas e as Chinas para ver quem é capaz de fornecer trabalho de escravo ao preço mais baixo.

Bom, se calhar eu é que estou a ser um optimista incorrigível …

02 novembro 2006

As Listas Desordenadas

Creio que foi há 5 anos mas não tenho a certeza. Acho que o José Manuel Fernandes era director do “Público” havia pouco tempo, quando esse jornal lançou uma campanha nacional pela elaboração de listas “ordenadas” de classificação das escolas (vulgo “rankings”). Até que conseguiu! Pelo meio, deu-se uma espécie de diálogo de surdos, em que as muitas objecções à elaboração dessas listas eram ignoradas, ou recebiam respostas falsas mas que eram apresentadas como definitivas.

Na altura eu estava longe de ter um blog, acho que nem tinha ouvido falar de tais bichos, pelo que usei a única “arma” que me restava: escrevi ao director do jornal, fazendo sentir o meu protesto. Só fiz isto duas vezes, ambas por causa de atitudes do “Público”, e de ambas as vezes os meus escritos foram ignorados. No caso concreto lembro-me do “Público” publicar muitas cartas de leitores a apoiar a sua iniciativa mas, se não me engano, apenas uma a criticá-la.

Infelizmente o texto da carta evaporou-se, juntamente com centenas de outros documentos, quando o disco rígido do meu computador sofreu um “pequeno” acidente. Mas creio que era qualquer coisa parecida com isto:
Quero felicitar o “Público” pelo êxito na campanha pela publicação do “ranking” das escolas. Acho mesmo que a iniciativa não deve ficar por aqui. Porque não um “ranking” dos clubes? Mas nada de ficarmos pelos do futebol da 1ª divisão! Nada disso. Todos os clubes, 1ª, 2ª até às distritais e mais além. E porquê ficarmos limitados ao futebol? Se a bola é redonda, também devem entrar os clubes ligados ao andebol, ao voleibol, ao basquetebol, ao hóquei em patins, etc. E por falar em patins e em rodas, podemos incluir os clubes de ciclismo e, porque não, os de automobilismo. E…
O quê? Estou a exagerar? A misturar coisas muito diferentes? Mas… sou só eu? As diferenças entre as escolas privadas, situadas nos centros urbanos, dedicadas a alunos das classes altas e que praticam selecção de alunos à entrada e as escolas públicas da província obrigadas a aceitar toda a gente não são tão grandes como a que separa o Milão do Estoril Praia?

Passados cinco (ou mais) anos não vejo qualquer motivo para mudar de opinião. Os “rankings” de escolas, para além de serem mistificadores ao compararem linearmente realidades muito diferentes, são uma bela forma de entreter a opinião pública. Entretanto, os problemas, os verdadeiros problemas das escolas, continuam lá inatacados e longe das atenções.