02 novembro 2006

As Listas Desordenadas

Creio que foi há 5 anos mas não tenho a certeza. Acho que o José Manuel Fernandes era director do “Público” havia pouco tempo, quando esse jornal lançou uma campanha nacional pela elaboração de listas “ordenadas” de classificação das escolas (vulgo “rankings”). Até que conseguiu! Pelo meio, deu-se uma espécie de diálogo de surdos, em que as muitas objecções à elaboração dessas listas eram ignoradas, ou recebiam respostas falsas mas que eram apresentadas como definitivas.

Na altura eu estava longe de ter um blog, acho que nem tinha ouvido falar de tais bichos, pelo que usei a única “arma” que me restava: escrevi ao director do jornal, fazendo sentir o meu protesto. Só fiz isto duas vezes, ambas por causa de atitudes do “Público”, e de ambas as vezes os meus escritos foram ignorados. No caso concreto lembro-me do “Público” publicar muitas cartas de leitores a apoiar a sua iniciativa mas, se não me engano, apenas uma a criticá-la.

Infelizmente o texto da carta evaporou-se, juntamente com centenas de outros documentos, quando o disco rígido do meu computador sofreu um “pequeno” acidente. Mas creio que era qualquer coisa parecida com isto:
Quero felicitar o “Público” pelo êxito na campanha pela publicação do “ranking” das escolas. Acho mesmo que a iniciativa não deve ficar por aqui. Porque não um “ranking” dos clubes? Mas nada de ficarmos pelos do futebol da 1ª divisão! Nada disso. Todos os clubes, 1ª, 2ª até às distritais e mais além. E porquê ficarmos limitados ao futebol? Se a bola é redonda, também devem entrar os clubes ligados ao andebol, ao voleibol, ao basquetebol, ao hóquei em patins, etc. E por falar em patins e em rodas, podemos incluir os clubes de ciclismo e, porque não, os de automobilismo. E…
O quê? Estou a exagerar? A misturar coisas muito diferentes? Mas… sou só eu? As diferenças entre as escolas privadas, situadas nos centros urbanos, dedicadas a alunos das classes altas e que praticam selecção de alunos à entrada e as escolas públicas da província obrigadas a aceitar toda a gente não são tão grandes como a que separa o Milão do Estoril Praia?

Passados cinco (ou mais) anos não vejo qualquer motivo para mudar de opinião. Os “rankings” de escolas, para além de serem mistificadores ao compararem linearmente realidades muito diferentes, são uma bela forma de entreter a opinião pública. Entretanto, os problemas, os verdadeiros problemas das escolas, continuam lá inatacados e longe das atenções.

1 Comments:

Blogger Rantas said...

Bom poste.

Eu concordo com as listas. A ponderação por distrito, tendo em conta as assimetrias sócio-económicas, litoral vs. interior, norte/sul, leste-oeste, privado-público, deverá ser feito por quem de direito - ou seja, por nós todos, porque temos cabecinha para interpretar os dados em bruto.

Se os dados aparecem "trabalhados" por "certos e determinados critérios", que aparecem em rodapé em letra miudinha, já otrabalho de interpretação de cada um de nós sairá necessariamente enviesado.

Mas isto são opiniões, cada um terá a sua. É, aliás, mesmo por causa disso que concordo com os rankings em bruto. não deverão ser vistos e aceites acriticamente, porque constituem uma base para a análise e não o resultado dela.

Um abraço!

3/11/06 13:22  

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