
Exclamava desolada a ministra da educação enquanto se virava para o seu colega, Augusto Santos Silva, em aflito pedido de apoio. Foi das imagens mais patéticas que a televisão transmitiu ultimamente.
Maria de Lurdes Rodrigues estava a tentar explicar uma coisa clara como água: é que os exames tinham corrido mesmo muito bem! E, com certeza devido a isso mesmo, ela tinha sido obrigada a tomar medidas de excepção relativamente a duas disciplinas do 12º ano. E, claro que, a culpa disto tudo (dos exames terem corrido bem?) era do governo anterior! Estava a ser tão interessante que nem os seus colegas de partido lhe prestavam atenção.
Não sei o que mais me espanta. Se o ar sério que esta ministra consegue pôr ao fazer afirmações tão ridículas e contraditórias, se a enorme crença na estupidez dos portugueses que estes governantes demonstram, ao pensarem que podem limpar a imagem desta série de disparates e incompetências com um discurso tão incrível.
Ontem, pela primeira vez, tive vontade de ser deputado. É que gostaria de ter feito umas quantas perguntas, à srª ministra, que, tanto quanto eu saiba, não foram feitas – os senhores deputados também não fizeram bem o trabalho de casa. Eis as perguntas:
- Porque motivo é que o GAVE, este ano, resolveu que não havia provas modelo dos exames, ao contrário do que sempre aconteceu? E logo num ano em que muitas disciplinas tinham exames relativos a novos programas.
- Porque motivo é que o GAVE impôs critérios ocultos (
ver aqui) na correcção dos exames, critérios que prejudicaram muito os resultados finais?
- Esses critérios ocultos vão continuar a ser aplicados nos exames da 2ª fase (os tais que os alunos de Química e de Física podem usar para a entrada na 1ª fase do superior)?
- A srª ministra conhece alguém que tenha sido directamente favorecido pela incompreensível excepção criada para os alunos de Química e de Física?
- A srª ministra já escreveu a sua carta de pedido de demissão ou precisa de ajuda?
Também gostaria de lá ter estado para poder gritar “APOIADO” quando uma deputada, não me lembro quem nem de que partido, disse à srª ministra que, se ela fosse professora do secundário, nunca chegaria a professora titular (topo da carreira recém inventado por esta ministra) com tamanha demonstração de incompetência!