09 março 2006

Houve alguém que disse...

... que se houvesse justiça no sistema político, responsabilizaríamos os governantes que nos conduziram à situação caótica em que estamos e apontaríamos a dedo os gestores públicos que, ano após ano, passaram pelos Hospitais, pela EDP, pela TAP, pela Caixa Geral de Depósitos, pelas Águas de Portugal, etc. Mas como o sistema é cruel para quem trabalha e complacente para quem pouco e mal faz, temos de suportar o que aí está esperando que o futuro seja melhor.

Veja-se, a título de exemplo, um determinado Hospital, seja ele do Porto, de Lisboa, de Braga ou de Aveiro. Se a sua saúde financeira e económica é desastrosa, que consequências, concretas, se registaram em quem as geriu? Foram premiados com colocações ainda melhores? Receberam indemnização pela saída do lugar ocupado? Tiveram reforma antecipada? O que lhes sucedeu afinal? Nada? Mas alguém pode considerar credível um sistema que premeia quem gere mal e quem causa prejuízo? Com que moral pede o Estado contenção e sacrifícios aos cidadãos, se estes constatam que quem só fez disparates vive e fala como se nenhuma responsabilidade possuísse na situação actual do país? É isto normal? Creio que ninguém de bom senso o julgará!

E agora?

Agora temos de olhar em frente, fazendo mais e melhor do que até aqui. E é por isso que considero as medidas anunciadas pelo Governo tímidas e de pouco alcance. Houve muita pompa no seu anúncio e muito barulho contestatário da parte de alguns sindicatos, mas duvido da eficácia dos resultados. Espero, sinceramente, enganar-me, pese embora os indicadores não augurarem nada de muito bom. O que fazer então?

Em primeiro lugar, um recenseamento obrigatório de todos os funcionários públicos. Para grandes males, grandes remédios. Se os governos não conseguem, através das suas auditorias e estudos, saber quantos funcionários existem, então temos de obrigar os funcionários a recensearem-se nos seus locais de trabalho, esclarecendo que quem o não faça terá sérias penalizações;

Em segundo lugar, impedir quer a realização, quer o lançamento de obras apenas para a fotografia. Falo de pavilhões desnecessários, rotundas, "centros culturais" que são utilizados uma ou duas vezes por ano, estádios de futebol, estradas com taxa de uso reduzido, festas e foguetórios. Este impedimento deverá abranger quer as autarquias, quer os governos das Regiões Autónomas;

Em terceiro lugar, obrigar à concretização das obras públicas nos prazos estimados, não admitindo como regra as chamadas "circunstâncias excepcionais", para justificar quer os atrasos, quer a mudança no preço;

Em quarto lugar, acabar com as promoções pelo tempo de serviço, aceitando apenas as que decorram do mérito;

Em quinto lugar, impedir a concorrência desonesta, reforçando a fiscalização, como forma de proteger e incentivar a indústria portuguesa;

Em sexto lugar, apostar estrategicamente em sectores que façam crescer as nossas exportações. Se a aposta no "choque tecnológico" é louvável, esquecer aquilo em que temos já condições para sermos bons é um erro;

Em sétimo lugar, incentivar ao consumo do que é nacional. Voltar a apostar em nós e acreditar naquilo que fazemos é essencial.

É tudo isto difícil? Admito que não seja fácil, por isso entendo que temos de caminhar para um Governo de Salvação Nacional, que adopte medidas de excepção, nomeadamente em relação à autonomia das autarquias e dos governos regionais. Esse Governo pode ser de um só partido, mas deverá convocar toda a oposição para, num espírito de grande responsabilidade, se salvar o país. Este Governo poderia, e até deveria, ter sido incentivado pelo Presidente da República. Infelizmente tal não sucedeu. Espero que o próximo Chefe de Estado o queira, e saiba, fazer. Caso contrário, daqui a uns anos estaremos ainda pior!

O que acham desta opinião? É utópica demais?
Não digo quem escreveu isso, devido aos preconceitos existentes, mas se quiserem posso dizer...

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Muito bem Miguel do Vale....ou devo dizer antes Miguel Monteiro????

9/3/06 16:27  
Blogger PSeven said...

Caro Miguel,
Hesitei muito em responder a este post! Porque me parece que não lês as respostas que aqui te deixamos! Além disso, não me sinto muito entusiasmado a responder ao cadáver político que é o Dr. Manuel Monteiro. Achas que ele ser o principal adversário do Dr. Garcia Pereira na corrida ao prestigioso título de Chefe-Do-Mais-Pequeno-Partido-Político-Que-Ainda-Concorre-A-Qualquer-Coisa não significa nada?
Não é preconceito contra o senhor em causa. A superficialidade de análise e a facilidade com que faz propostas, sem o mínimo cabimento nem interesse mas que até o fazem parecer um tipo decidido, fizeram-me suspeitar de quem era. Depois foi só confirmar. Mas é claro que, como o moço ataca os funcionários públicos, tu até gostaste! Não vês que essa tua fixação te está a impedir de ver e discutir outras coisas. Quanto aos funcionários públicos já te respondi aqui: http://con-tro-versas.blogspot.com/2006/01/notcia-do-dia-30.html. Por isso, se quiseres vai lá ver.
Um abraço

13/3/06 12:09  

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