Entretanto na China…

Recentemente a China devia ter feito, por duas vezes, as primeiras páginas dos jornais ocidentais… mas foi ignorada.

Primeiro foi o assassinato de uma freira tibetana cujo único crime foi o de fazer parte de um grupo que tentava atravessar a fronteira com a Índia para se encontrar com o Dalai Lama. O governo chinês justificou o incidente, dizendo que os soldados agiram em legítima defesa. Felizmente o incidente foi filmado por uma equipa da televisão romena “Pro TV” e pode ser visto aqui. Na mesma acção, os soldados chineses, feriram pelo menos mais um tibetano e prenderam cerca de 20, entre eles diversas crianças. A notícia foi quase completamente ignorada no Ocidente! Porquê? Terá algo a ver com interesses comerciais? Nã, que maldoso que eu sou!

Ao mesmo tempo, empresas como a Wal-Mart, a Google, a UPS, a Microsoft, a Nike, a AT&T e a Intel estavam a fazer pressão junto do governo chinês para que este não publicasse legislação concedendo aos trabalhadores chineses direitos mínimos, como o direito à contratação e à negociação (notícia aqui). A situação actual dos trabalhadores chineses caracteriza-se por salários baixíssimos, inexistência de esquemas de protecção à saúde e grande precariedade uma vez que há a prática generalizada de não efectuar contratos de trabalho. Pois bem, acreditam que as empresas que acima citei ameaçaram o governo chinês com a debandada geral se a tal legislação fosse aprovada com o argumento da “perda de competitividade”? Onde é que já ouvimos isto?

Que ninguém se iluda: Se (ou devo dizer quando?) estivermos debaixo de um regime de escravatura e um governo resolver conceder alguns direitos de cidadania aos escravos, aquelas e outras empresas vão fazer um escarecéu danado por causa da perda de competitividade! Sabem o que é que eu tenho vontade de lhes mandar fazer com a competitividade? Isso mesmo…

(A notícia do assassinato da freira tibetana foi ”pescada” no Quintus. Obrigado Rui)