30 dezembro 2006

Puta que os pariu

A pena de morte não é uma opção, não é uma punição e não resolve nada de nada.
Lamento ser obrigado a lamentar por uma pessoa que merece ser punido.

Mas assim não.

Não!

27 dezembro 2006

... a porcos

Ouvi hoje na rádio que um ex-político ainda importante (um tal de Victor) disse mais ou menos que se se acabasse com os benefícios no IRS seriam afectadas apenas as famílias da classe média-alta ou alta e que isso representaria cerca de 4,5 a 5,... por cento do rendimento dessas famílias.
Eu pergunto, e se se acabasse com a impunidade com que se tomam certas medidas de gestão e os políticos pudessem ser criminalizados por incompetência ao nos lesarem a todos com as suas medidas incompreensíveis? (para não ir mais longe...)

24 dezembro 2006

Posso desejar Feliz Natal?

Vá lá, sejam sinceros! Alguns de vocês pensaram: “Olha-me este gajo! Já por várias vezes se declarou ateu e agora vem-nos desejar Feliz Natal!”.

Pois é! Parece uma incoerência não é? Bem acho que não. Passo a explicar.

Como já disse noutro post, a minha família é, actualmente, uma misturada de crentes em diversos graus e religiões e ateus como eu. Mas nem sempre foi assim! Quando eu nasci a minha família era Evangélica. É claro que, durante a minha infância, se comemorava o Natal em nossa casa. Só que, essa comemoração, sempre teve pouco ou nada de religioso e muito de familiar. Para mim, o Natal, era aquela época do ano em que eu estava de férias, se comia doces, se jantava e convivia com a família e, sobretudo, em que eu recebia montes de presentes (ai que saudades)! Quando, finalmente, resolvi as minhas dúvidas religiosas pelo lado do ateísmo, porque é que deveria acabar com aquela comemoração familiar a que se chamava Natal e que, em tempos, tinha começado por ser uma comemoração religiosa? Não fazia sentido nenhum. Por isso o Natal continuou a ser comemorado cá em casa, com pinheiro, presépio e tudo!

Li por aí, algures (desculpem, hoje não tenho paciência para ir à procura das fontes) que em certas cidades inglesas e americanas se está a proibir o uso de símbolos referentes ao Natal em edifícios públicos e que, certos estabelecimentos comerciais, seguiram a mesma linha. Posso dizer que considero isso um radicalismo e uma grande falta de bom senso. Se o Natal evoluiu na sociedade como na minha família é, para muitos, apenas isso, uma festa de família. Não percebo porque é que, um não cristão se pode sentir ofendido com aquilo que acaba por ser uma tradição local, mesmo que tenha tido uma origem religiosa.

Ontem, dei por mim, ateu, a desejar feliz natal a um amigo budista! Do ponto de vista estritamente religioso foi um disparate. Do ponto de vista social era apenas um amigo a desejar felicidades a outro amigo. E não me digam que não faz sentido. Por isso,

FELIZ NATAL PARA TODOS

15 dezembro 2006

Publicidade

FINALMENTE, o primeiro post sobre o Netvibes já está no Con(tecno)versas. Se você gosta de manter blogs ou órgãos de informação debaixo de olho, aconselho-o vivamente a experimentar aquela ferramenta. Se só gosta de surfar na net… Também! Agora a sério: o Netvibes, e outros programas do mesmo género, permitem uma autêntica revolução na forma de usar o computador e a net. Se “perder” um pouco do seu tempo a experimentá-lo é capaz de o dar por bem empregue.

11 dezembro 2006

O Aliado Repudiado

Não há nada a fazer. É mais forte do que eu… Não queria escrever sobre isto mas é impossível evitar. Quando o meu “querido amigo” Dr Alberto (não lhe chamo Sr. Jardim porque sou educado) bota a boca no microfone, começo a sentir uma espécie de formigueiro nos dedos que só passa quando começo a teclar furiosamente! E pronto, lá sai post! Queria falar sobre o referendo ao aborto, mas… OK, por agora nada de referendo.

A última do Dr Alberto (já disse porque é que não lhe chamo Sr. Jardim? Já? Ah desculpem. Só queria ter a certeza) foi, devido à política de corte dos subsídios à região, declarar que "o inimigo número um do povo madeirense é o senhor Sócrates, o Senhor Santos e seus colaboracionistas" e vai daí dar o seu total apoio a toda e qualquer iniciativa contra o governo venha ela donde vier (notícia aqui)!!! Ou seja, a partir de agora podemos esperar ver o Dr Alberto (não, eu não lhe chamei Sr Jardim) ao lado de Jerónimo de Sousa nos comícios do PCP, de Francisco Louçã numa passeata contra o governo ou de Ribeiro e Castro (enquanto não for substituído por Paulo Portas) numa qualquer jantarada do PP. Para além das iniciativas do Mini Mendes mas aí, já era de esperar. Mais, se a FenProf declarar uma greve nacional, não se admirem que o Dr. Alberto (reparem que não lhe chamei Sr. Jardim) mande marcar falta a todos os professores que não façam greve. E se for uma greve dos trabalhadores dos serviços de saneamento, ele próprio se encarregará de organizar uma generosa distribuição de lixo por toda a Madeira. Pensando bem, esta última não deve ser muito difícil para ele!

Um pouco mais a sério: Quem já leu algo do que tenho escrito, sabe bem da minha total oposição ao governo Sócrates. Só que, há muito que aprendi algo que parece que escapa ao Dr Alberto (aposto que você pensou que eu ia escrever Sr. Jardim!): Os inimigos dos meus inimigos nem sempre são meus amigos. Por isso, obrigado, Dr Alberto (Não! Não vou escrever outra piada sobre o Sr. Jardim) mas não obrigado (peço desculpa aos partidários do não ao aborto por lhes copiar o slogan, mas acho que se justifica). E espero que todos os que se opõem a este governo por convicção tenham a sensatez de apontar a porta dos fundos ao Sr Jardim (ooops! Escapou).

Quanto à imagem, bem… Quando procurei uma imagem sugestiva no google, por “Alberto João Jardim”, na 2ª página, lá estava esta. O que é que isto tem a ver com o Sr Jardim? A Google lá sabe!

08 dezembro 2006

Parabéns a Você…

Faz hoje um ano que o PSeven pôs aqui o primeiro post do Con(tro)versas. Algo demasiado sério, sobre a acção da VW em Palmela, teve o seu contraponto poucos minutos depois num post do Varanda em que o humor imperava.

Um mês antes, o PSeven e o Miguel do Vale, tinham travado um intenso debate na Internet, via emails, no qual o Varanda também participou de vez em quando. Quando o debate terminou, os emails, já estavam a ser enviados para uma dezena de “assistentes” que seguiam deliciados (achamos nós) as peripécias do “combate” digital. No seu último email, o Miguel do Vale, usou a expressão “é tempo de acabar com este blog”! Foi o que deu ao PSeven a ideia de criar o Con(tro)versas. É claro que o Miguel do Vale e o Varanda eram indispensáveis e que muitos dos “assistentes” do debate também foram convidados! Infelizmente, só no mês passado é que um deles, o Tecklas, resolveu a juntar-se a nós.

Em jeito de balanço, como correu este ano? Mais ou menos. Tivemos períodos em que este blog mais parecia o projecto pessoal do PSeven, outros em que a ameaça de morte prematura esteve presente, e alguns, demasiado poucos para o nosso gosto, em que a frequência dos posts e dos comentários foi bastante alta. Mas sobretudo, aprendemos muito! Sobre a blogosfera, sobre como organizar um blog e, talvez o mais importante, como fazer amigos (e inimigos) nestas águas.

O futuro? Quem sabe? Para já temos a ideia de aumentar o número de participantes no Con(tro)versas de forma a garantir que ele não fica tão dependente da disponibilidade de um único blogger como ficou no passado. Por outro estamos a tentar estabelecer uma regularidade mínima de posts. Depois… logo se vê.

Mas para já,

Hoje é dia de festa
Cantam as nossas almas
Para o Menino Con(tro)versas
Uma salva de palmas

PSeven, Varanda, Miguel do Vale e Tecklas



P.S. A trabalheira que deu convencer este "manjerico" a criar um blog... Não me lembro bem, mas acho que nem foi ele que carregou no botão, teve que ser o cão a convencê-lo.

04 dezembro 2006

O Atentado Acidental

Esta semana falou-se muito do acidente de Camarate em que morreram Sá Carneiro, e Amaro da Costa. Não, não me enganei, escrevi acidente de propósito porque estou mesmo convencido de que foi um acidente

Tenho consciência de que, actualmente, a tese de atentado tem muito mais popularidade. É natural! Quando há duas teses em confronto e, uma delas, tem um lobby, não muito forte mas muito persistente por detrás, acaba por ser dominante! Mas não foi sempre assim.

Eu já tinha 29 anos quando o acidente se deu. Lembro-me perfeitamente que, quer a Procuradoria-geral da República, quer Freitas do Amaral, a exercer as funções de 1º Ministro, vieram poucos dias depois esclarecer que não havia qualquer indício de atentado! Conclusão que se manteve quando a polícia deu por terminada a investigação. Só que, uma coisa são as conclusões a que se chega racionalmente, outra são as “conclusões” de quem já tinha decidido, anteriormente, que se tratava de atentado. Confrontado com o resultado da investigação, o lobby do atentado, virou-se para a Assembleia da República, onde conseguiu que fosse nomeada uma comissão de inquérito ao “caso Camarate”.

Sempre achei estas comissões um absurdo! A Assembleia da República tem 3 funções – fazer leis, aprovar o programa do governo e fiscalizar a sua acção. Em nenhuma delas cabem comissões de inquérito a acidentes ou atentados, por muito ilustres que sejam as vítimas! Além disso, os deputados não têm qualquer formação especial para orientarem investigações nem os serviços da assembleia estão para aí vocacionados. Então, qual é a lógica de criar estas comissões a não ser para ter uma voz credível e que se possa manipular?

Apesar disso, a primeira comissão terminou sem conclusões claras. Mas os radicais da tese do atentado não desarmaram: pouco tempo depois conseguiram que fosse criada nova comissão. Que também não chegou a qualquer conclusão. E de comissão em comissão já vamos na 9ª (creio).

A primeira comissão que deu como provado o atentado foi a 5ª. E também foi a protagonista de uma das cenas mais ridículas de toda esta história: compenetrados do seu papel de investigadores, os senhores deputados resolveram ir visitar o armazém onde ainda estavam guardados os destroços do Cessna acidentado. Já tinham passado muitos anos, já não havia muito cuidado para impedir que os destroços fossem contaminados por outros objectos guardados no mesmo armazém, etc, mas, mesmo assim, os senhores deputados lá foram. A meio da visita, um dos senhores deputados pegou num destroço, ao acaso, e pediu para que fosse examinado no laboratório. Então não é que esse destroço apresentou vestígios de explosivos!!! Que se saiba foi o único. Nem comento! Essa comissão terminou com a audição, com pompa e circunstancia, na Assembleia, de um especialista internacional em terrorismo e atentados, que chegou de manhã, falou de tarde e saiu a tempo de apanhar o avião da noite. Com base em tão valioso testemunho concluiu-se pelo atentado. Entretanto, as conclusões de dois especialistas em acidentes de aviação, que estiveram em Portugal alguns anos antes, e que levaram mais de uma semana a examinar os destroços, foram esquecidas. Talvez porque concluíam que nada indicava ter havido atentado?

Agora, em mais um aniversário do acidente, os irredutíveis defensores do atentado clamam finalmente vitória. Um dos envolvidos no “atentado”, um tal José Esteves, confessou à Focus ter feito a bomba de Camarate. E pronto, eis os irredutíveis felizes.

Mas… quem é José Esteves? Foi comando em Angola, operacional de rede bombista após o 25 de Abril, guarda-costas de Freitas do Amaral e bruxo (não, não estou a brincar). Mais recentemente, aderiu ao islamismo e proclamou ligações à Al-quaida. Tão credível personagem, foi presa no próprio dia pela polícia judiciária, não por causa do caso Camarate mas porque era suspeito de ter colocado ossadas junto às instalações da SIC, de, vestido de árabe, ter ameaçado fazer-se explodir dentro das instalações da Procuradoria Geral da República e por ter colocado panfletos com dizeres em árabe, junto de bebidas à venda em grandes superfícies! A própria versão que José Esteves conta à Focus é mirabolante: Teria sido Amaro da Costa a pedir-lhe para fabricar a bomba, destinada a ser colocada naquele aparelho no dia anterior, para provocar um susto ao General Soares Carneiro que o usou numa deslocação. Este estava em campanha para a Presidência da República apoiado pela coligação PSD-CDS, mas estava a correr mal e Amaro da Costa esperava, assim, inverter a tendência de voto. Francamente, apresentar isto como prova envergonha qualquer um que não esteja desesperado.

Não tenho nenhum interesse especial na tese do acidente. Mas enquanto me contarem histórias da carochinha deste calibre…