28 fevereiro 2006

O VitaBlog

Quando comecei a explorar o Blogespaço, apercebi-me, rapidamente, que há muitos tipos de blogs. Por exemplo, o “Revisão da Matéria” (link aqui ao lado) é despretensioso, variado, por vezes divertido, aceita comentários e os seus autores entram em diálogo fácil com quem os comenta. Fizeram um ano há pouco tempo e, se continuarem assim, merecem fazer muitos mais. Contraponto: o “Causa Nossa”. É um blog completamente diferente. Os seus autores são gente conhecida – Vital Moreira, Ana Gomes, Vicente Jorge Silva entre outros. E não parecem muito dispostos a entrar em diálogo com o comum dos mortais! Portanto, nada de comentários dos leitores. Nem sequer a possibilidade de “linkar” um post individual, como aqui e em tantos outros blogs. Perante isto, eu, depois de ler esta prosa melíflua:
“Da bancada da "sala do senado" do palácio de São Bento, durante uma audição promovida pelo grupo parlamentar do PS sobre a "escola a tempo inteiro", oiço e observo a serena demonstração de competência e convicção da Ministra da Educação, Maria de Lourdes Rodrigues. Impressionante!”
(Vital Moreira no “Causa Nossa”)

Só posso vir aqui para exprimir o meu repúdio perante tão serena demonstração de “graxa”, e logo ao membro do governo que tem demonstrado mais incompetência e falta de preparação para o cargo (prefiro pensar isto do que pensar que a contínua destruição de toda a motivação de quem trabalha no ensino é voluntária).

21 fevereiro 2006

Duplo Critério

Uma coisa que me faz confusão, há algum tempo, é a facilidade com que, em Portugal, se usam dois pesos e duas medidas para situações semelhantes. Por exemplo, sempre que o governo ameaça com uma intervenção para conter subidas anormais de preços ou para regular de alguma forma qualquer sector da economia, logo surge uma legião de Doutores Economistas escandalizados com essa hipótese. Que não pode ser, que não estão a deixar funcionar o “mercado” (o novo deus dos neo-liberais), que estão a hipotecar o futuro, blá blá, blá blá! Lembro-me de um debate sobre o tratamento que estava a ser dado ao sector bancário, a propósito de um orçamento de estado, em que um jovem do “Diário Económico” foi trucidado por três ou quatro economistas que lhe fizeram notar que, ter um sector bancário forte e com muitos lucros, devia ser um motivo de orgulho e que era bom para a economia. Portanto nada de aumentar os impostos sobre os bancos! E eu que achava que era um escândalo um sector com tantos lucros pagar tão pouco de impostos!!!
Agora o reverso da medalha: O sector de criação de aves domésticas está a atravessar uma pequena crise, devido à gripe das aves. Parece que o pessoal está a comer menos frango e similares, e os preços estão a descer! Como é lógico no “mercado”! Menos procura, preços mais baixos. Pois bem, não é que o governo e responsáveis do sector já vão preparando a opinião pública para a inevitável intervençãozinha (notícia aqui)? Sob a forma de subsídio doméstico ou de Bruxelas? Mas, então? O “mercado” já não é deus? As intervenções correctivas do governo já são boas? Não devíamos deixar o “mercado” funcionar?
Deixem lá ver se percebo. Quando um sector tem prejuízos todos temos que pagar uma parte deles (afinal, de uma forma ou de outra, os subsídios saiem-nos dos bolsos) mas, quando os lucros são extraordinários, nada de os dividir por todos, nem sob a forma de mais impostos pagos que diminuam a carga fiscal do resto do pessoal! Não percebo! Ou, se calhar até estou a perceber tudo!

O Prazo...








Bandeira no Diário de Notícias de hoje! Com a devida vénia. Espectacular!

20 fevereiro 2006

O Coutinho da Meia-Noite

Sexta à noite a fazer zaping. Zzap e caio em cima do “Expresso da Meia-noite”. E fico de queixo caído até ao umbigo! Quem é que eu vejo a fazer de comentador político no programa? Nada mais nada menos que o homem do helicóptero! Ah, vocês não sabem quem é? Bom, é o nome “carinhoso” que, quem conhece João Pereira Coutinho, lhe dá devido à sua clara preferência por esse meio de transporte! Mas é claro que o homem do… desculpem, o João Pereira Coutinho, tem uma característica que faz dele um excelente comentador político. É rico! Muito rico! Podre de rico!

Claro que o facto de se deslocar de helicóptero para tudo quanto é lado não cria uma grande compreensão para com o comum dos mortais que tem de se haver com transportes públicos apinhados ou com as filas intermináveis de carros (ppl do “opus gay”: eu disse filas! Nada de me processar!). Além disso o João Pereira Coutinho, que, não sei se já vos disse, mas é rico, muito rico, podre de rico, também nunca teve de procurar emprego, aturar um chefe, esticar o ordenado para ver se no fim dele não sobra mês, e por aí adiante, o que também não cria grande compreensão para… Vocês percebem.

Por esta altura já há por aí alguém pensar: “Gaita! Que preconceitos! Só porque o homem do helicóptero é rico, muito rico, podre de rico…”. Bom, não é bem assim! É que, aqui há uns anos atrás, o João Pereira Coutinho, que, não sei se já vos disse mas é rico, muito rico, podre de rico, quis virar comentador político na imprensa. E, como é rico, muito rico, podre de rico, arranjou logo jornal para onde escrever. Acho que era o “Indy” (confesso que não tenho a certeza). Não li mais do que 2 artigos dele, não tive mais pachorra. Em termos de ideias é desértico. E quanto a profundidade de análise está ao nível de “há muito desemprego porque eles não querem trabalhar”.

Parece que agora, o homem do… desculpem o João Pereira Coutinho que, não sei se já vos disse, mas é rico, muito rico, podre de rico, resolveu saltar para a TV. E como é rico, muito rico, podre de rico, lá arranjou um lugarzinho.

É caso para dizer que, para o “Expresso da Meia-noite” mais vale um Coutinho rico, muito rico, podre de rico, do que um comentador … Mas será só o “Expresso da Meia-Noite” ou isto é uma mania nacional?

15 fevereiro 2006

As Caricaturas no Envelope 9

Obrigado Roberto Calderoli (ministro italiano partidário de “t-shirts” com caricaturas ofensivas)! Obrigado por provar, para além de qualquer dúvida que, não condenar a publicação das caricaturas a par da violência em países islâmicos, era dar força à extrema-direita xenófoba. Só foi pena ter de se chegar a mais um insulto idiota aos muçulmanos.


Entretanto, por cá, o incrível Souto Moura avançou com uma acção que põe mesmo em causa a liberdade de expressão: em vez de prosseguir com o inquérito ao malfadado caso do envelope 9, achou preferível intimidar os jornalistas que deram a notícia! Sempre quero ver as reacções dos defensores da liberdade de expressão sem limites… Bem, se o Souto Moura fosse muçulmano…

12 fevereiro 2006

Infiltrados...

Alberto João Jardim, hoje, (notícia aqui):
"Em Portugal continental há quatro aparelhos do Estado que estão infiltrados pelos inimigos da democracia: a educação, a justiça, a comunicação social e as polícias"

Na Madeira há só um: O Alberto João e mais nenhum...

(Desculpem a imagem deturpada! Foi um infiltrado...)

Caricaturas

No âmbito das "miniprovocações" do meu amigo PSeven e dos bailinhos da terra do Soba Alberto gostaria de apresentar aqui, e com caracter urgente, o que eu penso serem as caricaturas "a banir" e "a manter" na nossa imprensa.
Em primeiro lugar o autor da frase: “As agressões simbólicas e materiais a Estados e cidadãos europeus merecem certamente a nossa repulsa, nada legitima esse actos hediondos, estão bem uns para os outros, os caricaturistas irresponsáveis e os fundamentalistas violentos, ambos só podem ser alvo da nossa condenação” vem provar uma vez mais ser um alias da criação de uma mente doente, tipo Watterson ou talvez um sub-produto da criação do criador...
Imagino o Calvin, com 4 anos a pensar no que um comunicador quadrado diria:
"Ora, o tipo é mesmo estranho, tem um sorriso cativante e vê-se que pensa pelo seu neurónio, por isso acho que vai comparar o meu pai com o pessoal que se rebenta num autocarro cheio de putos como eu... Yá, prémio Soba."

Pela citação e pelas que hão-de vir peço, a bem da nossa sociedade que seja censurada esta caricatura.
Ou então dêm-lhe um prémio: Caricatura do ano, prémio Soba...(obrigado, Calvin)

Agora, e com um sorriso entre orelhas (desculpem-me mas adoro rir) tenho que dizer que foi o filme do ano (sem direito a Oscares) a questão da avaliação mental do deputado do PS. Até a fotografia da noticia no Público espelha muito bem a questão (fotografia com que o meu caro amigo retratou muito bem o seu post anterior)
O que se passa é que o pessoal da ilha, desde março de 1978 não faz outra coisa senão rir, e a razão de tanto riso é motivo de inveja e cobiça por parte dos nossos "caricaturistas irresponsáveis". Se olharmos bem para dentro, vemos que em cada um de nós vive um "caricaturista irresponsável" e no fundo invejamos os que têm mais talento para a coisa... Nem Bartoon, nem Cid, nada. O escolhido para o prémio Soba do Ano e caricatura "a manter" é, nem mais nem menos que o Major Valen.... perdão, o Soba Alberto.

Como podem ver, os autores dos prémios Soba são uns mãos largas, por isso não deixe de tomar atitudes caricatas e terá seguramente um prémio Soba com direito a uma caricatura autografada pela nossa querida Fátima F. e o livrinho de bolso: "Como pôr o pessoal todo a rir".

A Madeira Quase a Chegar a 1984

Lembram-se do “1984” de George Orwell? No meu tempo de estudante universitário era quase obrigatório! O regime ditatorial fascista (desculpem lá os que se sentirem ofendidos com a minha frontalidade mas, chamar-lhe autoritário ou outros disparates que já vi por aí escritos é um insulto a quem teve de o aturar) gostava muito dele porque achava que retratava o regime comunista e os intelectuais de esquerda gostavam dele porque achavam que retratava o regime fascista! Eu não gostei! Não gostei do ambiente opressivo (ainda pior do que eu sentia no regime fascista), não gostei do final (pessimista) e, sobretudo, não gostei de ver retratada como única resposta a um regime daqueles a acção individual! Que, claro, tinha de fracassar.

Mas isto não é um blog de critica literária. Eu lembrei-me hoje, de novo, do 1984, por causa desta notícia do Público de dia 8. Na altura não dei por ela mas, mesmo com atraso, tinha de falar disto. É que, no "1984", os opositores ao regime eram considerados mentalmente desequilibrados e mandados para “tratamento psiquiátrico”. Ora, na Madeira, já se fazem requerimentos a pedir a “avaliação das faculdades mentais” dos opositores! É só mais um passo…

Para alguns dos meus amigos que acham que eu tenho um “ódio de estimação” pelo Alberto João (sim Varanda, tu és um deles) talvez seja altura de pensarem que eu tenho é um ódio de estimação por atitudes destas.

10 fevereiro 2006

As Frases do Dia (de ontem)

Esta é, ao mesmo tempo, uma miniprovocação ao meu amigo Varanda. Vitalino Canas, ontem, na assembleia da república: “As agressões simbólicas e materiais a Estados e cidadãos europeus merecem certamente a nossa repulsa, nada legitima esse actos hediondos, estão bem uns para os outros, os caricaturistas irresponsáveis e os fundamentalistas violentos, ambos só podem ser alvo da nossa condenação” (notícia aqui). Olha, não é que o “Bitalino” até diz umas acertadas?!!

Quem esteve mal, mesmo muito mal foram os dois cartoonistas que a TSF entrevistou. Luís Afonso, cujo Bartoon eu não perco todos os dias, disse que ele devia pedir desculpa aos cartoonistas. Porquê? O Vitalino estava a referir-se aos que fizeram aqueles desenhos insultuosos e não a toda a classe. E eu nunca vi o Bartoon insultar alguém daquela maneira! Augusto Cid, olha logo quem, considerou que qualquer artista deve ter liberdade para se exprimir como entender. E quem é que disse que não tem? E quem é que lhe disse que ele é um artista?

09 fevereiro 2006

Lágrimas de Crocodilo

Carsten Juste, o redactor-chefe do "Jyllands Posten", jornal que publicou originalmente as caricaturas da discórdia, pediu hoje, em comunicado desculpa por aquilo que chamou de “mal entendido” (notícia no público aqui). Na minha opinião, esse senhor e o seu jornal, continuam a tomar-nos a todos por parvos!

Primeiro, diz que não “tinha consciência” da sensibilidade dos muçulmanos a esta questão! Das duas uma: ou está a mentir ou está a confessar a sua incompetência e, neste caso, deveria apresentar a sua demissão.

Depois lamenta tudo o que aconteceu que não era intenção do jornal! ENTÃO QUAL ERA? Afirma que os “cartoons” não visavam diminuir Maomé!!! É tão absurdo que nem comento. E justifica a publicação das caricaturas como um “preâmbulo a um diálogo sobre a liberdade de expressão” !!!! Quê??? Queria discutir a liberdade de expressão e não arranjou nada melhor para fazer do que insultar e provocar meio mundo??? Mas alguém acredita em tamanho disparate?

Estou cada vez mais convencido do que escrevi noutro post aqui abaixo: Era uma provocação de um jornal da extrema direita xenófoba que visava provocar os islâmicos. No que foi ajudado pelos média europeus que, em defesa da "liberdade de imprensa" (e das tiragens), publicaram caricaturas que, normalmente, recusariam, exactamente por serem xenófobas.

Isto não significa apoio ou desculpa para as acções violentas nos países muçulmanos. Claro que as condeno sem reservas mas, como esses não têm defensores por estas bandas...

O Descaramento do Dia

Valentim pede a Sampaio que «ponha magistrados na ordem»

O Valentim em causa é o Loureiro! Sem comentários. (notícia aqui)

06 fevereiro 2006

Liberdade de Expressão ou de Insulto?

As incompreensões dos ocidentais em relação aos países islâmicos continuam. Agora até caricaturas servem para lançar mais petróleo na fogueira.

Nós vivemos em países laicos onde há liberdade religiosa, até para os ateus, e valorizamos muito valores como a liberdade de expressão. É natural que tenhamos alguma dificuldade em perceber a reacção de muçulmanos, a viverem em países muçulmanos, onde as outras religiões são, apenas, toleradas (para ateus é mesmo tolerância zero) e a liberdade de expressão é, no mínimo, muito relativa. A religião tem, na vida destas pessoas, uma importância muito maior do que tem para nós, mesmo para aqueles que são crentes. Basta ver, por exemplo, que um muçulmano é chamado, várias vezes por dia, a reafirmar a fé no seu Deus, 365 dias por ano, todos os anos da sua vida. É claro que eu acho que isto está próximo da lavagem cerebral, mas é a situação actual naqueles países e, tudo o que podemos fazer é esperar que eles façam a sua evolução natural.

Um dos dogmas fundamentais de todas as religiões islâmicas, é a proibição de reproduzir Maomé. Assim, a simples caricatura do profeta é, para um muçulmano, um insulto extremamente grave. Quando essa caricatura associa Maomé a bombistas (o que, para quem conhece minimamente a vida de Maomé, é um absurdo) ou a criminosos, como acontece em duas das caricaturas em causa, estamos perante insultos, claros, tanto pelos critérios de muçulmanos, quanto pelos critérios ocidentais.

Por tudo isto, eu não posso estar minimamente de acordo com os meios de comunicação social que, em nome da liberdade de expressão, reproduziram as caricaturas. Liberdade de expressão não pode ser confundida com liberdade de insultar e provocar gratuitamente como foi o caso. Ou acham que foi, por mero acaso, um jornal conotado com a extrema direita xenófoba que publicou originalmente as caricaturas?

Por coerência, não reproduzo aqui nenhuma das caricaturas que considero insultuosas.

02 fevereiro 2006

Teresa, Lena, o Carro e o "Síndroma do Soutien"

Hoje, Teresa e Lena, um casal gay, tentaram casar-se em Lisboa. É claro que não conseguiram e, o seu advogado apresentou de imediato, um recurso para a instância seguinte. Segundo ele, a disposição do código civil que estabelece o casamento como um contrato entre duas pessoas de sexos diferentes, é discriminatória em relação aos homossexuais! Pensei logo em contratá-lo para obrigar o meu banco, a fazer comigo um contrato de empréstimo para compra de um carro novo, igual ao do empréstimo para compra da minha casa, alegando que, caso não o façam, estão a descriminar o meu carro!

Agora a sério: acho que até um idiota percebe que um contrato tem de ter em conta a especificidade do que é contratado. No caso do casamento (por enquanto entre pessoas de sexos diferentes) é preciso ter em conta a possibilidade (forte) de nascerem filhos. Aliás, nas sociedades actuais, a principal função do casamento, é a de contribuir para a criação de uma unidade familiar estável, favorável à educação de crianças. Ora nada disto tem a ver com os homossexuais. Por isso é que eu defendo que, deve existir um contrato de união entre eles, diferente do casamento.

Outra linha de argumentação é a de que o casamento terminaria com a discriminação de que os homossexuais são alvo. Se a primeira é disparatada esta não é menos. Conheço vários casais heterossexuais, com filhos e vida em comum há vários anos, que não são casados e que não sentem qualquer discriminação por isso. Porque este é um problema de mentalidade e não de legislação!

Então porque é que os homossexuais querem tanto casar-se? Na minha opinião, porque sofrem do que eu chamo “Síndroma do Soutien”! As feministas, no início do sec XX, consideravam o soutien uma invenção da sociedade machista, que via a mulher apenas como objecto sexual, tendo mesmo promovido manifestações em que se procedeu a queimas públicas de soutiens! É claro que, quando o movimento cresceu e se tornou adulto, estas ideias foram, pouco a pouco, abandonadas. Creio que o mesmo vai acontecer com o “casamento gay” – vai acabar por ser instituído e, pouco a pouco, abandonado!

PS: Confesse lá! Quando viu o título pensou que o tema era outro...